sexta-feira, 31 de julho de 2009

E...

E por aqui tudo na mesma.
Este ano as férias tardam em chegar e, com um pouco de sorte levaremos na mala uma resposta sobre o que fazer daqui para a frente.
Teremos nova consulta com o Dr. S. lá para o início de Setembro, e como vamos de férias a 20/09, gostava de levar planos para o futuro na bagagem.
O M. ainda não fez o espermograma, mas também não tem parado por cá para ter disponibilidade para o fazer, e como ainda falta 1 mês para a consulta vai adiando.
E eu ando calma. Sei que, até a nova consulta, vou continuar assim, com a certeza de que até lá nada de novo vai acontecer.

Entretanto tenho convivido com inúmeras crianças. Se me custa? A cada dia que passa custa menos. Ora por aceitar cada vez mais a nossa infertilidade e por me ir preparando para uma (ainda que remota) possibilidade de não ter filhos, ora por saber que a cada dia que passa poderei estar mais perto de ter um filho. Uma dualidade curiosa.

Nasceu também o bébé da minha amiga de infância R. - Apesar de ter engravidado em Novembro do ano passado, só na Páscoa é que eu soube através da minha mãe que ela ia ter um bébé. Nunca a vi grávida. O bébé nasceu no passado domingo, mas desta vez recebi uma sms a dar a notícia.
O que me magoou? O facto de ela não me ter contado nada pessoalmente e de não nos termos encontrado para partilhar esta grande felicidade.
Porquê? Porque ela pensava que eu ia ficar triste, magoada e com ciúmes. Por não saber como eu ia lidar com toda esta situação.
Não há nada que mais me aborreça do que os olhares de pena, e as palmadinhas nos ombros.
É por isso que sempre que o assunto de filhos surge, eu digo "alto e bom som" que temos problemas de infertilidade. Conheça ou não conheça as pessoas.
E reconheço que muita gente fica chocada por eu expôr assim a situação. As pessoas ficam incomodadas e arrependem-se logo de tocar no assunto. Cheguei à conclusão que a maioria das pessoas detesta falar sobre infertilidade. E depois têm a ideia de que os casais inferteis detestam estar ao pé de crianças, e que as mulheres desatam a chorar de cada vez que vêm um bébé!
Têm uma ideia totalmente errada dos problemas que nos afectam, e de como nós lidamos com eles. Tomam-nos por coitadinhos que nunca terão filhos e julgam-nos pessoas azedas e amarguradas com a vida. Pensam que nos agarramos ao trabalho como substituto de uma família! Acreditam que não sabemos nada de bébes e espantam-se por sabemos mudar uma fralda e conhecermos de cor a música do Noddy. Fazem-nos sentir um pouco inferiores, como seres humanos de segunda, pois a nossa capacidade de nos reproduzirmos está afectada.
E já não falo daqueles que acham que a infertilidade é mandada por Deus a casais "duvidosos"!
E acham sempre que não temos filhos por causa do stress, e nos mandam constantemente andar calmos e ir de férias!
Admiro-me com a ignorancia da maioria das pessoas face aos casais infertéis. Por acharem que somos uma pequena minoria histérica, que não tem problema nenhum, mas que se submete a exames caros e dolorosos, fisica e psicológicamente, apenas porque não sabem esperar e aguardar.
Infelizmente é assim que a maioria pensa. E o que eu acho curioso é que há 300 mil casais inferteis neste país. Mas quase todos se escondem dentro do armário e não assumem a sua condição. Fingem ser quem não são. Preferem fingir que ainda não decidiram ter filhos, ou que não os querem ter, a dizerem que são INFERTEIS.
Assim jamais mudaremos mentalidades e continuaremos a ser tratados como seres humanos incompletos e moderadamente inúteis.
Os preconceitos existem em muitos campos, e também neste da infertilidade. Eu assumo o que sou. E tento explicar a todos o que passamos, o que fazemos, o que pensamos.

sábado, 11 de julho de 2009

Mais um ciclo...

Foi mais um ciclo que passou.
Mais um ciclo de 40 dias tão certinho que até me espantou, a mim, que nunca na vida tive dois ciclos seguidos com a mesma duração.
E também me espantou o facto de não ter tido um daqueles ciclos absurdos de 60 ou 80 dias, visto não estar a tomar medicação alguma para regular os ciclos!
Ontem veio então, mais uma vez o periodo (dia 10/7). E com ele umas dores de barriga, daquelas que me mantêm acordada durante 2 horas, e que eram tão fortes que quase perdi os sentidos... Mas lá acabaram por passar, depois de até o M. ter acordado para saber o que se passava comigo!
Contudo, nada tem acontecido... Apesar de não estar (ainda) a fazer nenhum novo tratamento, há sempre uma esperança de que tudo possa acontecer naturalmente, como aos outros. Poder até pode, como disse o Dr. S., mas também não foi desta vez.
As análises hormonais pedidas na ultima consulta estão feitas, e já tenho a requisição para o M. fazer o espermograma.
Depois é marcar nova consulta para o fim de Agosto, inicio de Setembro... até lá é continuar à espera de sermos mais!